quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Meninos, eu vi!

Ontem à noite vi algo que não deveria ter visto. Algo que ninguém deveria jamais ver. Havia crianças lá e elas também viram, dos colos de suas mães. E homens e mulheres, eles também viram.

Andando de madrugada, voltando da casa da namorada, ouvi pipocos. Imaginei serem disparos do cano de descarga de um motoqueiro que vinha. Não eram. Eram tiros. Mais à frente vi um vulto, um homem de cuecas, calças sendo jogadas a alguém. Temi assalto. Temi por mim. Corri.

Um carro veio em minha direção. Homens em um pick-up, montados na caçamba. Não era nada. Jovens, como eu, andando na noite. Também viram o que eu vi. Estavam assustados, como eu também estava.

Logo atrás vinha um carro da polícia. Não, nada perseguiam. Passeavam pacatamente sob a lua. Tão pertos de mim e do que meus olhos presenciaram, nada viram.

Desnorteado e com medo, segui até o ponto de ônibus mais próximo. Já dentro da condução, passei pelo local onde havia visto o homem de cuecas. Coisa alguma estava acontecendo por ali.

Uns duzentos metros adiante, em um beco, pessoas se aglomeravam, carros estavam parados. Homens, mulheres e crianças; todos em volta de um homem jogado ao chão, sem cuecas, sem nada, punhos e tornozelos amarrados com trapos ensangüentados. Tremia, estrebuchava sobre o chão. Sentia dor, sentia medo.

A idéia de que se tratava de um assalto me abandonou. Era uma execução, só poderia ser. Acho que nunca vou saber quem era aquele homem ou porque estava naquela situação. Tampouco vou conseguir esquecer o que presenciei.

Hoje passei pelo local, de ônibus. Os rastros de sangue estavam lá, secos, na exata disposição de minhas lembranças. Minha mente foi invadida pelos homens, mulheres e crianças, todos em volta do homem, olhando. Nada viram, aposto. Mas eu vi, meninos, eu vi!

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Primeiro Contato















Dizem que todo escritor moderno e descolado precisa ter um blog. De preferência um desses mais cool, onde todos os escritores famosos e legais têm os seus. Aqui estou, então, pensando sobre o que diabos vou escrever aqui.


Não importa. Pelo que vi em outros blogs, inicialmente todos têm a mesma inquietação que eu, mas terminam achando seu caminho blogueiro, sua identidade autoral. Espero que assim seja comigo.


Enfim...